O policial militar Weslei Soares, que bloqueou a frente do
Farol da Barra e efetuou disparos para a cima, na tarde deste domingo (28),
teve a morte confirmada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA). Ele
estava internado no Hospital Geral do Estado (HGE) após ser baleado por
policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no início da
noite. A morte foi confirmada às 22h41.
O PM foi atingido em pelo menos três regiões do corpo,
incluído tórax e abdômen. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da
Bahia (SSP), às 18h35, o soldado afirmou que “havia chegado o momento, fez uma
contagem regressiva e iniciou disparos contra as equipes do Bope”. Os
policiais, então, dispararam dez vezes contra Weslei. “No momento que caiu ao
chão ele iniciou uma série de disparos contra os policiais, que novamente
tiveram a necessidade de realizar disparos, e, quando ele cessou a agressão, os
policiais chegaram perto para utilizar o resgate”, declarou Capitão Luiz
Henrique, o negociador.
O comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais
(Bope), major Clédson Conceição, afirmou que os policiais buscaram utilizar
técnicas de negociação e impedir um confronto, mas que Weslei “atacou as
equipes”. “Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área
residencial, expondo também os moradores", justificou. Conceição disse que
tentaram fazer com que Weslei se estregasse, mas que “essa negociação alternava
em picos de lucidez com loucura. Ele não falava coisas com sentido, estava
bastante transtornado”.
Repórteres e cinegrafistas que estavam no local foram
ameaçados por policiais, após Weslei ser baleado. Eles disparam para cima, para
dispersar a imprensa - o momento foi capturado num vídeo. A PM não se
manifestou a respeito até o fechamento da reportagem. Moradores do bairro
acompanharam a ação e divulgaram vídeos da chegada do PM Weslei até ele ser
baleado e socorrido pelo SAMU até o HGE.
O soldado Weslei é integrante da 72ª Companhia Independente
de Polícia Militar (CIPM), de Itacaré, no sul da Bahia, e chegou à capital
baiana na manhã deste domingo. Os primeiros disparos de fuzil de Weslei
aconteceram na Avenida Centenário, próximo ao 5º Centro de Saúde Clementino
Fraga, relataram testemunhas. A perseguição policial teve início no local até
chegar ao Farol da Barra, por volta das 14h. Lá, Wesley desceu do próprio carro
com um fuzil à mão. Pouco depois, começou a efetuar os disparos. Não há
registro de outros feridos. Segundo a
Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), ele teve um “surto
psicológico”.
'Surto'
De acordo com a Polícia Militar (PM), o militar demonstrava
"descontrole emocional". Um especialista em gerenciamento de crise do
Bope também esteve no local, para tentar uma negociação.
Antes de invadir o gramado em frente ao Farol da Barra com
uma Renault Duster marrom, o policial que deu tiros para o alto foi seguido por
viaturas da Polícia Militar. A perseguição começou na Avenida Sete de Setembro
e encerrou apenas no ponto turístico de Salvador.
Ao chegar ao Farol, ele pintou o rosto de verde, entoou
palavras de ordem e disparou dezenas de vezes. No fim da tarde, ele chegou a
empurrar viaturas da polícia para longe dele - uma delas quase bateu contra um
muro.
O policial militar ainda jogou bicicletas e itens de
vendedores ambulantes que trabalhavam no local no mar.
Diversas equipes foram mobilizadas para conter o suspeito e
isolar as ruas que davam acesso ao Farol.
Além do Batalhão de Operações Policiais Especiais, foram enviadas
equipes do Batalhão de Choque, Esquadrão Águia, e da 11ª CIPM.
Fonte: Correio