Maria Augusta (ao centro) tinha recebido o coração de Eloá Pimentel (no destaque à direita) há dez anos: 'Recebi o coração dela no dia do meu aniversário' — Foto: G1 |
Os pais da estudante Eloá Cristina da Silva Pimentel, morta
a tiros pelo ex-namorado durante sequestro em 2008 em Santo André, na Grande
São Paulo, lamentaram nesta terça-feira (4) a morte da vendedora Maria Augusta
da Silva dos Anjos, de 51 anos, que havia recebido o coração da filha deles
após o crime.
Segundo a família da transplantada, Augusta faleceu na
segunda-feira (3) em decorrência de complicações da Covid-19, no hospital
particular onde estava internada em Paraupebas, no Pará. Ela era casada, não
tinha filhos e morava em Canaã dos Carajás, interior do estado.
"Eu não esperava essa notícia. Eu estava torcendo para a Augusta se recuperar. Para mim foi muito triste. Minha família, meus filhos estão tristes. Até porque amanhã [5 de maio] minha filha Eloá faria 28 anos se estivesse viva. Augusta era como uma filha para mim também, pois ela carregava o coração de Eloá", disse ao G1 a autônoma Ana Cristina Pimentel, de 54 anos, mãe de Eloá. "
"Augusta ficou maravilhosa depois que recebeu o coração
de Eloá, mas essa doença [Covid] a pegou e a matou", completou Ana
Cristina.
"Ficamos sabendo e lamentamos o falecimento da Maria
Augusta", falou à reportagem Everaldo Pereira dos Santos, 56, pai de Eloá.
Eloá teve a morte cerebral anunciada pelos médicos em 18 de
outubro de 2008. O assassino era um entregador de pizzas de 22 anos. Ele não
aceitava o fim do namoro. De 13 a 17 de outubro de 2008, a imprensa transmitiu
ao vivo o sequestro, com seu desfecho trágico.
O sequestrador foi julgado em 2012. Acabou condenado a mais
de 90 anos de prisão por 12 crimes. A pena foi reduzida depois pela Justiça
para 39 anos. Atualmente ele está preso em Tremembé, interior paulista.
Órgãos doados a cinco pessoas
Cinco pessoas receberam órgãos de Eloá que foram doados por
Ana Cristina e Everaldo, pais da jovem. Foram transplantados coração, pulmão,
córneas, fígado, rins e pâncreas.
Augusta foi uma das receptoras. Havia ganhado o coração no
dia de seu aniversário, em 20 de outubro de 2008. Na última segunda à tarde,
ele parou de bater, segundo contou a fisioterapeuta Jeanne Carla Rodrigues
Ambar, sobrinha dela. De acordo com a sobrinha, a morte de Maria Augusta, que
estava internada no Hospital Santa Terezinha, foi causada por complicações da
Covid.
Relembre o caso clicando aqui.
Fonte: G1