Ex-morador de rua vira empresário e emprega 50 pessoas no litoral de SP


Jefferson Renato Correa, de 46 anos, se tornou sócio de uma empresa e de franquias espalhadas pela cidade de Praia Grande, no litoral paulista, após passar mais de um ano dormindo nas ruas e sonhando com uma vida melhor. A história do empresário ganhou repercussão nas redes sociais e em entrevista ao G1 ele relata todo o processo desde quando fugiu de casa pensando em melhorar de vida até abrir os próprios negócios e empregar mais de 50 pessoas.


Nascido em Marília, interior paulista, o empresário conta que morou nos bairros Cota, em Cubatão quando tinha 1 ano. Até os 7, morou com mãe e irmãos em uma área de risco no alto da Serra do Mar. De lá foi para a Zona Noroeste em Santos, quando aos 11 anos começou a guardar carros nas ruas e limpar túmulos no cemitério para ganhar uma renda extra e ajudar em casa.

Vivendo com dificuldades ao lado da mãe, irmão e o novo padrasto, aos 16 anos ele decidiu que fugiria de casa em busca de uma vida melhor. Correa acabou indo morar na orla da praia de Santos. Ele relembra que nos primeiros dias morando nas ruas sentia muito medo por ser muito pequeno e ficar exposto, correndo riscos no local. Ele continuava tentando ganhar trocados para se manter.

"A maior dificuldade é você não ter para onde ir. Antes eu tinha uma casa, humilde, mas tinha para onde ir. Passei o natal na rua, uma das coisas mais tristes e que me marcou", conta o empresário.

Ainda em Santos, ele conseguiu uma parceria durante uma distribuição de brindes de uma marca de bebida. Ele pegou os para-sóis de veículo, distribuídos na ação de marketing, e passou a oferecer este serviço a quem guardasse o carro com ele. Ele conquistou pessoas nas ruas e começou, ali, a perceber a veia voltada para os negócios.

Na época, a mãe dele conseguiu localizá-lo e ele fugiu novamente, já com 17 anos. Correa reitera que tinha como objetivo conquistar um espaço, melhorar de vida e conseguir ajudar a mãe. Foi o que ele fez, depois de conseguir trabalhar em um quiosque durante a noite e guardando carros pela manhã. Mesmo trabalhando nas ruas, conta, ele prezava pela imagem e usava parte do dinheiro para comprar roupas.

"Comprava roupas, lavava no chuveiro da praia, pendurava nas árvores. Foi difícil, mas hoje vejo que foi a melhor coisa que teve na minha vida", descreve Correa.

Ele relata que foi a melhor coisa já que, com os dois empregos, conseguiu melhorar de vida e alugar um espaço para morar. O sonho de poder ajudar a mãe se tornou realidade e ele passou a auxiliá-la ainda nesta época. Ele se tornou sócio de uma barraca de lanches, terminou os estudos que abandonou quando adolescente e teve a primeira filha, que atualmente tem 25 anos.


Desde então, explica, já trabalhou como vendedor em uma empresa de chocolates, em uma empresa de sorvetes, de bebidas, vendeu carros e chegou ao ramo de serviços de telefonia. Em 2020, em meio à pandemia, deixou a área para entrar no ramo de cartões alimentação. Virou sócio de uma empresa de vendas de aparelhos para centrais telefônicas. Em 2021, adquiriu três unidades de uma franquia de açaí e ainda planeja novos negócios.

Na região, explica, ele emprega cerca de 50 pessoas. Para ele, dar a chance para outras pessoas é algo muito importante. "Quando eu falo nos processos seletivos, digo que eu estou contratando um atendente, mas quero um futuro empreendedor, um grande profissional. Tento incentivá-los a crescer", explica.

Hoje, ele conta a história com o objetivo de incentivar e inspirar jovens. "Fiz isso sozinho. Hoje eu tenho condição de dar um lugar bacana para minha mãe morar, ver meus filhos direcionados. Eu vivia num mundo tão restrito que não pensava em ter profissão. O que eu penso hoje, quando eu emprego, é em poder contribuir", finaliza.

Fonte: G1

Postar um comentário

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Calmon Notícias.

Postagem Anterior Próxima Postagem

Clinica Sorrir+