Heineken vai investir R$ 1,5 bilhão em duas fábricas no Nordeste


 O Grupo Heineken vai investir R$ 1,5 bilhão em duas fábricas na região Nordeste. Do total, R$ 1,2 bilhão será destinado à unidade de Igarassu (PE), para triplicar a produção de marcas puro malte mais acessíveis, como a Amstel, que a companhia chama de categoria 'mainstream'. Além disso, mais R$ 320 milhões serão destinados para a fábrica de Alagoinhas (BA), com o foco de aumentar a produção premium (marca Heineken) em 60%. O investimento do Grupo na região Nordeste foi adiantado ontem pela Coluna do Broadcast.

O CEO da Heineken no Brasil, Maurício Giamellaro, disse ao Broadcast que as decisões de investimento da companhia estão ligadas à localização dos consumidores. "Quando decidimos ir para Minas Gerais, a escolha se deu porque esse Estado tem um dos maiores volumes de vendas das nossas marcas e não tínhamos uma cervejaria lá. Agora, em Igarassu e Alagoinha, o princípio é o mesmo", diz.

Segundo Giamellaro, a Bahia já é um dos maiores Estados em consumo de cerveja do grupo e Igarassu (PE) tem sido visto como um "potencial de crescimento". De lá, a empresa pretende suprir a demanda de outras localidades. "A decisão de onde investir passa por onde a demanda está e como o local facilitaria a nossa distribuição e produção", complementa.

Do lado da distribuição, Giamellaro acredita que a empresa hoje está bem servida. Esse tema é uma das fortalezas da líder de mercado no setor, a concorrente Ambev. "Hoje a nossa malha de distribuição tem a mesma capilaridade que a nossa do nosso maior concorrente. A forma com que chegamos pode ser diferente, mas chegamos em mais de 1 milhão de pontos de venda no Brasil todos os meses. Nosso maior competidor pode chegar de forma mais direta, nós chegamos por meio de revendedores. Depois que assumimos a distribuição que antes ficava com a Coca-Cola, melhoramos", diz.

Ele reforça que a parceria com o sistema Coca-Cola foi importante e bem-sucedida e ainda existe para alguns rótulos, mas que, dada a quantidade de marcas no portfólio distribuído pela parceira, o resultado acabava não sendo tão bom. "O que temos de correr é na parte da produção. Temos uma limitação, que vemos como um bom problema, na capacidade. Nossos consumidores demandam mais produtos do que tínhamos capacidade de produzir", disse.

Isso explica os investimentos mais recentes da companhia. A empresa está construindo uma fábrica do zero em Passos (MG) com investimento de R$ 1,8 bilhões; anunciou, em 2022, R$ 320 milhões em investimentos em fábricas de São Paulo como as dos municípios de Araraquara e Jacareí; além dos R$ R$ 865 milhões investidos até 2021 na fábrica de Ponta Grossa (PR). Com o investimento do Nordeste, são mais de R$ 4 bilhões em investimentos anunciados pela companhia no País em cerca de 4 anos.

Sustentabilidade

O vice-presidente de sustentabilidade da Heineken, Mauro Homem, diz que todos os investimentos da companhia são atrelados às metas de sustentabilidade da companhia. As métricas fazem parte dos cálculos de bônus dos executivos do grupo. Em Igarassu, a companhia investe em tecnologia para alcançar redução de 30% nos próximos 3 anos no consumo de água na unidade. A empresa tem ainda a meta de diminuir a emissão de carbono em sua cadeia produtiva e, por isso, a fábrica será abastecida com energia de biomassa ou biogás, o que vai reduz em 25% o consumo de energia térmica na planta.

Homem diz que esses compromissos geram expectativas da sociedade. Questionado sobre o projeto da fábrica em Pedro Leopoldo (MG), que foi abandonado depois da informação de um sítio arqueológico na região vir a público, ele diz que a empresa tinha todas as licenças necessárias para o projeto, mas que a gestão entendeu que aquilo não era o que os consumidores esperavam da empresa.

"Hoje, em Pedro Leopoldo, a 50 metros de onde faríamos a nossa construção, há uma unidade de mineração de grande porte. Ninguém questiona, mas questionou-se a Heineken", diz. Ele diz que a decisão de interromper o plano teve impactos na companhia que teve de investir em plantas já existentes para suprir a demanda e, só um ano depois, foi possível iniciar a nova fábrica em Passos (MG).

Fonte: Broadcast


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