Os jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Nascimento, além de uma terceira pessoa não revelada, foram indiciados pela Polícia Civil por suposta participação no esquema conhecido como "Golpe do Pix da Record". O trio responderá por estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (20). No total, 14 pessoas estão sendo investigadas, e já foram identificadas 14 vítimas.
Em entrevista coletiva na sede da Polícia Civil, o titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), Charles Leão, responsável pelo caso, não divulgou oficialmente o nome dos suspeitos, mas deu detalhes da investigação.
"Até o presente momento, todas as alegações trazidas pelos investigados não foram alicerçadas por qualquer documento. Isso me dá uma convicção para acreditar nas vítimas, que são pais, mães e pessoas com doenças", revelou o delegado.
As prisões ainda não foram solicitadas, pois o inquérito não está concluído, os investigadores estão apurando a participação das pessoas que cederam as contas que foram usadas no golpe. São 14 suspeitos. O conteúdo da investigação deve ser encaminhado em breve para o Ministério Público.
Até o momento, 61 pessoas foram ouvidas pela Polícia Civil. Ao menos 14 pessoas foram vítimas do esquema que começou em novembro de 2022. O delegado não soube precisar a quantidade de páginas do inquérito, mas o volume tem mais de um palmo de altura.
"A nossa investigação sempre foi pautada pela transparência. Pelo livre acesso a todos os advogados. Os defensores dos investigados já tiveram acesso ao conteúdo da investigação por mais de 10 vezes", ressaltou o delegado.
No dia 3 de maio, o próprio Marcelo Castro foi até a Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber) acompanhado do advogado Marcos Rodrigues. Ainda não se sabe o valor total desviado. No entanto, no caso da doação feita pelo jogador Anderson Talisca, apenas R$ 40 mil dos R$ 109 mil doados foram repassados a mãe de um menino que estava doente.
Marcelo Castro e Jamerson Nascimento trabalhavam no programa Balanço Geral Bahia, da Record/ TV Itapoan, como repórter e diretor, respectivamente. O terceiro indiciado é um amigo deles que, segundo a polícia, era o responsável por conseguir as chaves PIX usadas no golpe. O delegado afirmou que o homem tinha cerca de 50 chaves desse tipo.
Marcelo Castro se pronuncia publicamente
O repórter Marcelo Castro, um dos investigados pela Polícia Civil no 'Golpe do Pix da Record', afirmou que os R$ 70 mil enviados pelo jogador de futebol Talisca para a mãe da criança que estava doente caíram na conta da mulher.
"O advogado de Talisca me ligou e perguntou onde eu botaria o dinheiro. Os 70 mil que ele botou caiu em 5 minutos na conta da mulher. A criança, no dia seguinte, morreu porque a médica do hospital não quis aplicar a injeção, parece", afirmou o jornalista em entrevista ao canal Sem Censura TV. A entrevista foi ao ar na noite de 10 de maio.
Questionado sobre a viagem que fazia a Dubai quando o caso veio a público, Marcelo Castro disse que ainda está pagando a passagem, que "dividiu em 10 vezes".
"A viagem estava programada com minha família para visitar meu irmão, que mora lá. Depois, minha noiva entrou na minha vida e comprou também a passagem. De repente lá recebi a mensagem que me acusaram de aplicar um golpe. A empresa falou 'Quando você voltar de férias a gente conversa' e já fui procurar meus advogados".
Confira a cronologia dos fatos envolvendo esse caso:
11 de março de 2023 - O esquema é descoberto depois que o ex-jogador do Bahia, Anderson Talisca, procurou a família de uma garotinha para quem tinha doado, via PIX fornecido pela TV, R$ 70 mil para um tratamento de câncer. Os pais da menina disseram ao jogador que não recebeu nenhum recurso, e que a filha havia morrido.
Nota – Nesse mesmo dia, o diretor de jornalismo da Record TV/Itapoan, Gustavo Orlandi, enviou uma nota ao CORREIO, confirmando que a empresa estava apurando as suspeitas de desvio de dinheiro doado através do PIX;
13 de março – O CORREIO tem acesso ao áudio de um funcionário da emissora, que preferiu não se identificar. Ele confirmou a situação, apontou que o desvio do PIX das doações não era algo novo e que os valores do golpe poderiam ser ainda maiores. Nesse mesmo dia, a Polícia informou que abriu uma investigação sobre o caso;
14 de março – Pessoas que tiveram a situação exposta na TV e não receberam ajuda apelam para que seja feita justiça. O Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) se pronuncia e pede rigor nas investigações;
17 de março – O apresentador José Eduardo (Bocão) conta em um podcast que ficou sabendo do golpe quando foi procurado pelo empresário do jogador, que pensou “não é possível, não são essas pessoas”, mas que levou a denúncia até a direção da emissora, e que a Record/Itapoan abriu uma investigação interna para apurar o caso.
31 de março - A emissora demite, por justa causa, o apresentador e repórter Marcelo Castro e o editor-chefe do Balanço Geral, Jamerson Oliveira. A Defesa dos jornalistas classificou a medida como desproporcional, e diz que as demissões foram precipitadas, sem a devida apuração e sem ouvi-los. Zé Eduardo liga o nome dos dois ao caso pela primeira vez e afirma que eles estão sendo investigados pela Polícia Civil.
12 de abril – A polícia reúne a imprensa para informar que 15 pessoas estão sendo investigadas, incluindo dois rifeiros. O delegado explicou que os envolvidos são dois jornalistas e pessoas que orbitam ao redor deles, cedendo o PIX que era colocado em tela no lugar dos dados das vítimas. Os nomes não foram divulgados.
18 de maio - Os jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira são ouvidos na Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico, na Mouraria;
19 de maio - A polícia divulga o conteúdo dos depoimentos dos jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira. Ambos informam que houve movimentação financeira entre eles em razão de um empréstimo em dinheiro vivo de dezenas de milhares de reais a um amigo de infância. O amigo é um dos titulares de chaves PIX utilizadas na fraude;
Relembre o caso
O caso veio à tona após a equipe do jogador de futebol baiano, Anderson Souza Conceição, mais conhecido como Anderson Talisca - que atualmente joga pelo Al-Nassr - cobrar informações sobre uma doação que teria sido feita por ele. Sensibilizado com a história de uma criança, o atleta teria doado cerca de R$ 70 mil.
Em nota enviada ao CORREIO no dia 11 de março, o diretor de jornalismo da TV Itapoan, Gustavo Orlandi, confirmou que a empresa investigava a denúncia de que funcionários da organização teriam desviado dinheiro de doações feitas por telespectadores através de pix.
"A RecordTV Itapoan, assim que recebeu as denúncias, apura os fatos e tomará todas as medidas legais cabíveis para o caso", disse, por email. O esquema funcionava através do programa Balanço Geral. Pessoas em dificuldade relatavam seus casos na atração televisiva, comovendo o público, que fazia doações via Pix.
Depois da descoberta, o caso então passou a ser investigado pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), que também está analisando depoimentos, matérias jornalísticas, vídeos e prints de redes sociais.
Marcelo Castro se pronuncia publicamente
O repórter Marcelo Castro, um dos investigados pela Polícia Civil no 'Golpe do Pix da Record', afirmou que os R$ 70 mil enviados pelo jogador de futebol Talisca para a mãe da criança que estava doente caíram na conta da mulher.
"O advogado de Talisca me ligou e perguntou onde eu botaria o dinheiro. Os 70 mil que ele botou caiu em 5 minutos na conta da mulher. A criança, no dia seguinte, morreu porque a médica do hospital não quis aplicar a injeção, parece", afirmou o jornalista em entrevista ao canal Sem Censura TV. A entrevista foi ao ar na noite do último dia 10.
Questionado sobre a viagem que fazia a Dubai quando o caso veio a público, Marcelo Castro disse que ainda está pagando a passagem, que "dividiu em 10 vezes".
"A viagem estava programada com minha família para visitar meu irmão, que mora lá. Depois, minha noiva entrou na minha vida e comprou também a passagem. De repente lá recebi a mensagem que me acusaram de aplicar um golpe. A empresa falou 'Quando vc voltar de férias a gente conversa' e já fui procurar meus advogados".
Por Correio24horas