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Museu de Luiz Gonzaga - Exú-PE - Foto: Leila Valquíria |
Viajar por esses caminhos é como percorrer as veias vivas da cultura nordestina, onde a história, a fé, a música e a resistência do povo sertanejo se encontram em cada cidade, em cada rosto, em cada paisagem. Em Petrolina, às margens do Rio São Francisco, o cenário de modernidade e tradição convivem lado a lado — o delicioso baião-de-dois com bode assado é quase um ritual sagrado da gastronomia local.
Em Lagoa Grande, a surpresa é o cultivo da uva em pleno semiárido, com vinícolas que transformam o sertão em terra de vinho. Seguindo viagem, Santa Cruz, Ouricuri e Exu vão revelando ainda mais a alma do sertão. Em Exu, aos pés da Chapada do Araripe, o coração pulsa mais forte: é a terra natal do eterno Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, cuja voz eternizou o sofrimento e o orgulho nordestino em clássicos que atravessam gerações.
E então chega-se ao Cariri cearense, em Juazeiro do Norte — terra de fé, marcada pela presença do Padre Cícero, figura querida por milhares de pessoas. A cidade é centro de romarias, devoção e resistência popular, onde o sagrado e o cotidiano caminham juntos.
Essa é uma região onde o sertão se agiganta não apenas pela paisagem de caatinga e chapadas, mas sobretudo pela força de seu povo. Gente que trabalha de sol a sol, que canta e reza com a mesma intensidade com que planta e colhe. Um povo que transforma a aridez em esperança e que carrega no peito a bravura de um nordeste que nunca se curva.
Viajar por essas bandas é mais do que um passeio — é um reencontro com as raízes, um mergulho na identidade de um Brasil forte e encantador.
Por João do Clone/Redação Calmon Notícias
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Ao lado de Barracas nas ruas da cidade de Exu, essas plaquinhas com canções do Rei do Baião. |
Fotos: João do Clone